Litigância predatória: como identificar padrões e combater com dados

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Sumário

Em nosso novo artigo, vamos abordar um dos temas mais relevantes da atualidade para a comunidade jurídica, tema de grandes debates em eventos, palestras, fóruns e reportagens do setor, além de desdobramentos cada vez maiores em ações judiciais em todo o país.

O conteúdo não pretende fazer juízo de valor, tampouco dar opiniões, mas somente demonstrar como a tecnologia e a análise de dados é capaz de combater e inibir tais práticas, quando de fato se tornam um grande problema para escritórios de advocacia e departamentos jurídicos.

Continue a leitura e saiba mais.

O que é litigância predatória

Conceito e contexto no Brasil

A litigância predatória é um termo que vem ganhando destaque e descreve padrões de judicialização em massa com condutas repetitivas. O objetivo é pressionar o sistema e a parte adversa, gerando custos desproporcionais, como afirma o portal de notícias Conjur. No Brasil, o debate ganhou corpo com diretrizes para identificar e prevenir litigância abusiva, categoria normativa que abarca manifestações predatórias.

Para não confundir litigância predatória com exercício legítimo do direito de ação, é essencial observar padrões objetivos e métricas replicáveis. Essa abordagem reduz vieses e qualifica o diálogo com o Judiciário e com as áreas internas, no caso de empresas ou escritórios que atuam com grandes carteiras.

Elementos centrais para análise qualificada:

  • Massificação de casos e repetição de condutas; 
  • Padrões mensuráveis (volume, tempo, taxas); 
  • Respostas proporcionais e documentadas.

Diferenças da litigância abusiva

A litigância abusiva é uma categoria distinta que visa a sobrecarga do judiciário com condutas ou demandas sem respaldo probatório, cuja finalidade é a protelação dos atos processuais e de seu regular andamento; litigância predatória, por sua vez, costuma ser a manifestação focada na massificação e na má-fé. Contudo, em ambos os termos, o que importa é o padrão repetitivo que viola a boa-fé processual.

Na prática empresarial, essa distinção orienta triagem, critérios e governança. Ao reconhecer sinais de litigância predatória, o departamento jurídico prioriza recursos e calibra políticas de acordo com base em dados.

Por que isso importa agora?

Impactos para departamentos jurídicos

A litigância predatória eleva custos, congestiona times com tarefas defensivas e distorce KPIs. Mesmo causas frágeis geram custo transacional (tempo, custas, risco de sucumbência etc.). Por isso, diversos departamentos jurídicos e escritórios estão adotando tais métricas de análise e, principalmente, automações para filtrar picos e focar em atividades que realmente importam.

Com jurimetria e rotinas de monitoramento, por exemplo, a equipe detecta anomalias cedo e preserva orçamento. A profundidade e a confiabilidade de dados encurta prazos de resposta e melhora o storytelling probatório para decisões executivas e judiciais.

Sinais práticos para identificar padrões

Volume atípico por autor ou procurador

Concentração anormal de processos em poucos autores/procuradores é um sinal clássico de litigância predatória. Compare o volume atual com a série histórica e com pares do mesmo foro/assunto.

Como examinar volume com rigor:

  • Compare mês a mês e semana a semana; 
  • Segmente por foro/UF e por assunto; 
  • Dispare alertas quando o desvio superar limiares; 
  • Priorize casos ligados a top 5 autores/procuradores.
combater litigância predatória com dados
Imagem: Envato

Repetição de peças e teses idênticas

A reutilização intensiva de modelos de petição e teses jurídicas, com mudanças superficiais, é outro indicativo. Ferramentas de similaridade textual ajudam a medir a semelhança das peças e evidenciar a prática.

Padronize a coleta de amostras e trechos exemplificativos para tornar a prova objetiva. Isso fortalece pedidos processuais e diminui alegações de subjetividade.

Existem inúmeras maneiras de analisar a similaridade de ações judiciais utilizando recursos de pesquisa textual, como o Legal Research da Data Lawyer, funcionalidade integrada ao nosso Big Data com mais de 60 milhões de processos judiciais. Os dados são coletados e estruturados e contemplam todos os documentos processuais. Da petição inicial ao acórdão. 

Métricas para detecção em massa

Picos de ajuizamento por período

Avalie picos de ajuizamento em janelas curtas (dias/semanas) por tema e localidade. O desvio em relação à linha de referência é um gatilho de investigação. Além disso, como já mencionado, cruzar a curva com autores e procuradores recorrentes aumenta a precisão.

Padronize gráficos de série temporal e alerte quando o desvio-padrão ultrapassar limites. Isso facilita o reporte recorrente a comitês e acelera a priorização.

Taxas de improcedência e extinção

Taxas elevadas de improcedência ou extinção sem mérito, acima do padrão do foro/assunto, sugerem fragilidade de teses. Não são provas isoladas, mas um indício robusto quando triangulado com outros sinais.

Monte relatórios com improcedência, extinção, acordo e desistência. Atualize trimestralmente e use-os para calibrar políticas de acordo e a estratégia de contestação.

É sempre importante salientar, contudo, que os métodos utilizados na identificação da litigância predatória variam de acordo com o estilo de trabalho e procedimentos internos de cada equipe jurídica, mas caso o seu time ainda não possua processos definidos para combater essa prática, as dicas serão de extrema relevância para o início, cabendo ajustes necessários durante o amadurecimento da estratégia.

Checklist de investigação responsável

Verificações preliminares obrigatórias

Toda investigação de litigância predatória deve ser rastreável e replicável. Comece pelo recorte de dados e pela normalização das classes processuais, evitando enviesar a análise.

Com o escopo definido, aplique métricas padronizadas e registre decisões em ata. Isso cria uma trilha de auditoria e viabiliza melhorias contínuas.

Passo a passo recomendado:

  • Definir período e amostra mínima; 
  • Medir volume, picos e dispersão; 
  • Montar relatórios periódicos; 
  • Rodar similaridade textual e capturar evidências; 
  • Classificar risco (baixo/médio/alto) e decidir ações.

Evidências documentais e amostragens

A organização das evidências é fundamental. Anexe gráficos, tabelas e amostras de peças com trechos numerados, além de notas metodológicas.

Padronize um dossiê executivo para reaproveitar o formato sempre que padrões reaparecerem. Isso acelera solicitações internas e fundamenta medidas processuais proporcionais.

Comprovando a litigância predatória
Imagem: Envato

Como agir ao detectar indícios

Medidas processuais proporcionais

A resposta deve ser proporcional à robustez dos indícios. Em alguns casos, medidas preliminares bastam; em outros, cabem pedidos mais firmes. Sempre documente a razão de cada passo.

Combine estratégia jurídica com prevenção operacional.

Possíveis medidas, em níveis:

  • Impugnações preliminares e requerimentos saneadores. 
  • Pedidos de extinção; 
  • Pleitos de litigância de má-fé, quando couber; 
  • Conciliação estratégica para encerrar a prática.

Boas práticas e limites éticos

LGPD e minimização de dados

A detecção de litigância predatória deve respeitar a LGPD, com foco em minimização, necessidade e finalidade. Priorize dados processuais públicos e aplique anonimização quando couber.

Registre bases legais, prazos de retenção e controles de acesso no dossiê. Isso antecipa questionamentos e reforça a credibilidade da análise.

Controles de privacidade essenciais:

  • Catálogo de fontes e bases legais. 
  • Anonimização/pseudonimização quando aplicável. 
  • Perfis de acesso e logs de auditoria. 
  • Políticas de retenção e descarte.

Como dados e jurimetria ajudam

Dashboards e monitoramento contínuo

Com jurimetria, você monitora tempos, probabilidades e padrões anômalos por assunto/foro/UF e outros filtros. A centralização reduz retrabalho e melhora a repetibilidade das decisões, criando uma base de evidências sólida.

Em ambientes de massificação (trabalhista e consumo, por exemplo), os sinais de litigância predatória surgem mais nítidos: concentração por procuradores, picos sazonais.

Se você deseja saber mais sobre o assunto e entender como as soluções da Data Lawyer contribuem para que escritórios e departamentos jurídicos sejam mais estratégicos em suas atividades, temos duas dicas: 

  1. Assista ao podcast com o Rafael Rinaldi (Gerente Jurídico da EMS) que explica na prática como a empresa combate à litigância predatória utilizando os nossos dados
  2. Solicite um teste grátis de nossa ferramenta e conheça na prática todas as possibilidades.

FAQ

1) O que é litigância predatória?
É o padrão de judicialização em massa com condutas repetitivas e baixo respaldo, que pressiona o sistema e gera custos desproporcionais. A resposta adequada combina métricas, jurimetria e medidas proporcionais previstas pelo CNJ.

2) Quais sinais objetivos devo monitorar?
a) Picos de ajuizamento em janelas curtas; b) concentração por autores/procuradores; c) similaridade de peças; d) taxas elevadas de improcedência/extinção acima do padrão local.

3) Como estruturar um dossiê de indícios?
Padronize séries temporais, relatórios (improcedência, extinção, acordo, desistência), amostras de peças com trechos numerados e nota metodológica (escopo, fontes, limites). Essa documentação sustenta pedidos processuais proporcionais.

4) Onde a LGPD entra nessa análise?
Respeite minimização, necessidade e finalidade, priorizando dados processuais públicos e controles de acesso; registre bases legais e prazos de retenção.

5) Que ferramentas podem ajudar?
Use a Jurimetria (ex.: Software de Jurimetria da Data Lawyer) para monitoramento contínuo, e o Legal Research para analisar similaridade/trechos de peças.

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